CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO TIO JOÃO BÚZIO

segunda-feira, 12 de abril de 2021

1921 - Memórias (II)

 OLHÃO - economia

 

Por volta de 1920, Olhão tinha 11050 habitantes.

A principal atividade económica era a pesca e todas as outras a ela associadas: venda de peixe e preparação nas fábricas de conserva.

A maioria dos armazéns de peixe situava-se na avenida 5 de Outubro. As fábricas de conserva de peixe espalhavam-se pelo Largo da Feira, rua de S. Bartolomeu, 18 de Junho, concentrando-se no extremo norte da Cerca do Júdice, junto à estrada nacional.

Era na Avenida 5 de Outubro, quase em frente da Praça do peixe, que os pais adoptivos da Avó Cebola tinham a sua venda de aviamentos para os pescadores, desde carvão à batata doce cozida. 



O Largo da Alfândega era, por assim dizer, a bolsa comercial da vila. Ali se realizavam os negócios, carregava-se o peixe para as fábricas e armazéns e se juntavam os milhares de caixas de conservas que iam ser colocadas em barcaças que as transportavam para os grande barcos fundeados à entrada da barra. 


 

 


 A pesca era o motor central da vida em Olhão, havendo pouco mais de indústrias e oficinas.

Primeiro eixo do aglomerado urbano primitivo, A Rua do Rosário representava o pulsar da vila. Era a Rua do Comércio, a rua onde se fixava o mundo comercial, a Rua das Lojas. 

 


 

Logo à entrada da rua estava a posta da diligência para Faro e outras terras. 

Ali estava instalado o tribunal, escritórios de advogados, o notariado, o escritório da Aliança do Sul. 

Era o melhor caminho para as pessoas irem aos mercados ou para aqueles que tinham a sua vida ligada as atividades do mar, o que tornava esta rua a de maior movimento da vila.

Aí se encontravam os mais diversos ramos comerciais desde as camisarias, as chapelarias, os alfaiates, as ourivesarias, os artigos para homens e senhoras, as sapatarias, as drogarias e ferragens, as papelarias.

Nesta rua encontravam-se o campo e a cidade. Tanto se podia comprar o gorro para o pescador, como o vistoso chapéu de plumas.

Ricos e pobres toda a gente por ali passava.

O ruído das ferradura dos burros misturavam-se com o com o pregão de alguns vendedores e as vozes das vendedoras de figos  e mel numa colorida gritaria.

Por cima deste vozear erguia-se o ruído das carroças ou a correria de uma charrete transportando algum conserveiro a caminho da lota ou da fábrica.

Caleche com rodado de ferro, circulando na Rua das Lojas, 1920

 Tudo isto era abafado por vezes pelo estridor das sirenes das fábricas, avisando as operárias que tinha chegado peixe e estava na hora de começar o trabalho. 

 

Citação: João Villares in Olhão e Abílio Gouveia 

Sem comentários: