CENTENÁRIO DO CASAMENTO DO AVÔ FRANCISCO VIEGAS COM A AVÓ BIBIANA DA CONCEIÇÃO

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A Primeira Neta

No dia em que comemora o seu 71º aniversário, vamos conhecer a Prima Plácinha, a primeira neta do Avô Xico e da Avó Cebola:


PRIMA PLÁCINHA




Os foguetes que na madrugada daquele dia 5 de outubro anunciavam as comemorações do Dia da Implantação da República marcaram a entrada neste mundo de Plácida Maria da Silva André (Guerreiro).

A primeira filha do Tio João e da Tia Lucília nasceu no dia 5 de outubro de 1947, na casa dos Avós, na Travessa do Matadouro, nº 17.
De espírito vivo e observador, cedo revelou a sua principal característica: o riso fácil e cristalino.

 
A Prima Plácinha com 5 anos


Entre 1953 e 1955, frequentou a Escola Primária do Largo da Feira, onde concluiu o exame da 3ª classe com sucesso.





A caneta de tinta permanente oferecida pelo pai no seu 8º aniversário

A Prima Plácinha e a Tia Necas no Jardim João Serra, em Olhão


Em 1958, a família fixa residência na Rua do Godinho, em Matosinhos, onde o Tio João já trabalhava na faina da pesca  havia 4 anos.
Plácinha regressa à escola para finalizar a instrução primária. É matriculada na Escola Oficial conhecida por "escola dos bombeiros", na Rua Brito Capelo, e em junho de 1959 faz o exame final da 4ª classe na escola da FNAT, na Rua do Pombal. Ainda nesse ano faz a comunhão solene na Igreja Matriz do Bom Jesus de Matosinhos.


No dia da Comunhão Solene




Com 13 anos


Acabada a instrução formal, Plácinha vai aprender costura e aos treze anos inicia a atividade laboral como aprendiza de alfaiate. A Família muda-se entretanto para o nº 385 da Rua Roberto Ivens.
Em 1961, na companhia da Prima Joaquina e do Primo Xico (filho da Tia Mariana e, portanto, sobrinho do nosso Avô Xico), Plácinha voltou a Olhão para um curto período de férias. São dessa época as duas fotografias seguintes:


Com amigas de infância e de escola

Com a Prima Esterinha (esquerda) e a Prima Zéa (centro)


Entre os 14 e os 16 anos trabalha como costureira com a D. Carolina Melo, na rua Gago Coutinho.
Em novembro de 1963 entra para a Fábrica de Encerados Victória, na Rua Ló Ferreira. Era um trabalho altamente especializado, onde as costureiras executavam todo o tipo de artigos têxteis e oleados para campismo e caravanismo.A dureza do trabalho foi de certo modo compensada com a introdução de novos incentivos laborais nos anos 60, tais como a chamada "semana inglesa", que contemplava o descanso laboral no período da tarde de sábado e dia de Domingo, e as férias pagas. Nessa fábrica esteve sete anos e é dessa época a fotografia seguinte: no seu 21º aniversário, a Plácinha juntou algumas colegas.


No quintal da casa nº356, na Rua Roberto Ivens
No começo dos anos 70, muda-se para uma empresa de peixe congelado, na Rua do Sul, e aí exerce funções de escriturária.

Por essa altura, inicia o namoro com o Manuel , algarvio de Quarteira mas fixado em Matosinhos desde jovem.

 
O Primo Manuel
Segundo filho de José Manuel Mariano Guerreiro, natural de Quarteira, e de Lúcia da Conceição Rijo, natural de Lisboa, Manuel Rijo Guerreiro nasceu em Quarteira, a 16 de dezembro de 1946.
Com 14 anos foi viver com a família para Matosinhos.
Nos primeiros anos da década de 70, a família mudou-se para Moçambique.

Lúcia Rijo e Mariano Guerreiro, pais do Primo Manuel

João José e Maria dos Santos, o irmão mais velho e a irmã mais nova

Plácinha e Manuel casaram por procuração em 29 de junho de 1974, sendo o Tio João o legal representante do noivo.


No dia do casamento
Dois meses depois, o jovem casal reune-se em Moçambique, na capital Lourenço Marques (hoje Maputo), onde o Manuel trabalhava no Entreposto Comercial como mecânico de veículos pesados.



Plácinha e Manuel, em Moçambique

Em 1975, a Plácinha e o Primo Manuel regressaram a Matosinhos.
Acalmadas as incertezas derivadas do contexto político e social gerado no pós-Revolução de Abril, Manuel vai trabalhar para o porto de Sines e no final da década entra para os quadros da Unicer, empresa cervejeira do Porto; Plácinha volta a trabalhar como costureira numa empresa ligada ao caravanismo e desporto.


Edifício situado no cruzamento da Avenida Serpa Pinto com a Rua 1º de Dezembro, Matosinhos. No primeiro andar trabalhou a Prima Plácinha         


Um sorriso no trabalho

Nos últimos anos do seu percurso laboral, trabalhou como empregada doméstica de uma família  do Porto.

O casal nos anos 90

Mas a reforma e os muitos anos de vida não lhe apagaram o gosto pelos desafios. E assim aprendeu os meandros da utilização dos computadores nas aulas de Informática para Séniores e Inglês para Séniores, patrocinadas pela Junta de Freguesia de Matosinhos e frequentadas na Escola Profissional Ruiz Costa, naquela cidade.

 
Numa reportagem televisiva sobre os cursos de Informática para Séniores

 
O primeiro Certificado em Inglês

Mulher desembaraçada e de convívio fácil, a Prima Plácinha foi sempre uma pessoa muito divertida e generosa. Na sua juventude era exímia bailarina e, característica genética, possuía uma voz límpida e intensa que emprestava emoção aos fados que gostava de cantar.



Na 1ª pessoa, a Prima Plácinha conta as suas

MEMÓRIAS VIVAS


Nasci num meio pobre e desfavorecido, mas a minha meninice foi pontuada de situações caricatas, lembradas na família com risos e exclamações de “ah! Bons tempos!”. Aqui vos conto duas das mais hilariantes:

Antigamente, a maior parte dos achaques de infância eram tratados com mézinhas e benzeduras. Ora eu nasci enfezadita e já ia nos dezoito meses e nada de andar e muito menos falar. Então a minha mãe resolveu "desengatinhar-me". Este procedimento ocorria em uma encruzilhada com duas testemunhas, um "Manel" e uma "Maria", que passavam a criança de um para o outro, enquanto se recitava uma lengalenga. 
Ficou aprazada a sessão no cruzamento onde hoje está a passagem desnivelada do caminho de ferro. Na altura, era tudo campo, tendo somente o Jardim João Serra e o Vítor Ferrador na entrada da avenida. O "Manel" era o Tio Manel, irmão do meu pai, e a "Maria" era uma amiga da minha mãe, a Maria Isaura (da família dos Calafates). A meio da sessão, o cão do Vítor Ferrador, pressentindo aquela azáfama humana, desatou a ladrar com intensidade de quem está preso e não pode ir espreitar o assunto… e no meio da debandada geral  o Manel e a Maria largaram a criança por terra. Quando tudo acalmou, e já em casa, o avô perguntou pela moça pequena. Ai Jesus! Que ninguém mais se lembrara da "engatadinha"  E lá vieram buscar-me à encruzilhada. Conta a família que eu estava no chão, deitada de bruços, embolada em terra como peixe enfarinhado.


Aí por volta dos meus dois anos, numa manhã cheia de sol, a minha mãe completou a minha indumentária com um lindo laço branco na cabeça e colocou-me à porta da Avó Cebola. Era aí o meu local privilegiado para observar todo o movimento do Largo da Feira. Como não andava, não havia o perigo de me ausentar inopinadamente da soleira da porta. Dentro de casa, a Avó Cebola fazia o seu governo quando ouviu bradar por ela aflitivamente. Veio à porta e o Ti João Maricas em altos gritos clamava “Ti Cebola! O "pórque" leva a Plácinha na boca!” Alarmados, avó e o dito vizinho desataram a correr em direção às “cabanitas”, para onde se dirigia também uma vara de porcos. Com grande aflição lá me descobriram mais à frente, abocanhada por um suíno, gordo e rosado. Escapei apenas com um ferimento ligeiro no pescoço. 
Mas, ao que parece, gostei desta modalidade de passeio pois contra o meu péssimo hábito de gritar por tudo e por nada, nem um piu saiu da minha boca durante a viagem!





Hoje, dia 5 de outubro, na passagem do seu 71º aniversário, a Prima dos Primos vem desejar-lhe muita saúde e longa vida!