No dia em que comemora o seu 71º aniversário, vamos conhecer a Prima Plácinha, a primeira neta do Avô Xico e da Avó Cebola:
PRIMA PLÁCINHA
Os foguetes que na madrugada daquele dia 5 de outubro anunciavam as comemorações do Dia da Implantação da República marcaram a entrada neste mundo de Plácida Maria da Silva André (Guerreiro).
A primeira filha do Tio João e da Tia Lucília nasceu no dia 5 de outubro de 1947, na casa dos Avós, na Travessa do Matadouro, nº 17.
De espírito vivo e observador, cedo revelou a sua principal característica: o riso fácil e cristalino.
A Prima Plácinha com 5 anos |
Entre 1953 e 1955, frequentou a Escola Primária do Largo da Feira, onde concluiu o exame da 3ª classe com sucesso.
A caneta de tinta permanente oferecida pelo pai no seu 8º aniversário |
A Prima Plácinha e a Tia Necas no Jardim João Serra, em Olhão |
Em 1958, a família fixa residência na Rua do Godinho, em Matosinhos, onde o Tio João já trabalhava na faina da pesca havia 4 anos.
Plácinha regressa à escola para finalizar a instrução primária. É matriculada na Escola Oficial conhecida por "escola dos bombeiros", na Rua Brito Capelo, e em junho de 1959 faz o exame final da 4ª classe na escola da FNAT, na Rua do Pombal. Ainda nesse ano faz a comunhão solene na Igreja Matriz do Bom Jesus de Matosinhos.
No dia da Comunhão Solene |
Com 13 anos |
Acabada a instrução formal, Plácinha vai aprender costura e aos treze anos inicia a atividade laboral como aprendiza de alfaiate. A Família muda-se entretanto para o nº 385 da Rua Roberto Ivens.
Em 1961, na companhia da Prima Joaquina e do Primo Xico (filho da Tia Mariana e, portanto, sobrinho do nosso Avô Xico), Plácinha voltou a Olhão para um curto período de férias. São dessa época as duas fotografias seguintes:
Com amigas de infância e de escola |
Com a Prima Esterinha (esquerda) e a Prima Zéa (centro) |
Entre os 14 e os 16 anos trabalha como costureira com a D. Carolina Melo, na rua Gago Coutinho.
Em novembro de 1963 entra para a Fábrica de Encerados Victória, na Rua Ló Ferreira. Era um trabalho altamente especializado, onde as costureiras executavam todo o tipo de artigos têxteis e oleados para campismo e caravanismo.A dureza do trabalho foi de certo modo compensada com a introdução de novos incentivos laborais nos anos 60, tais como a chamada "semana inglesa", que contemplava o descanso laboral no período da tarde de sábado e dia de Domingo, e as férias pagas. Nessa fábrica esteve sete anos e é dessa época a fotografia seguinte: no seu 21º aniversário, a Plácinha juntou algumas colegas.
No quintal da casa nº356, na Rua Roberto Ivens |
Por essa altura, inicia o namoro com o Manuel , algarvio de Quarteira mas fixado em Matosinhos desde jovem.
Segundo filho de José Manuel Mariano Guerreiro, natural de Quarteira, e de Lúcia da Conceição Rijo, natural de Lisboa, Manuel Rijo Guerreiro nasceu em Quarteira, a 16 de dezembro de 1946.O Primo Manuel |
Com 14 anos foi viver com a família para Matosinhos.
Nos primeiros anos da década de 70, a família mudou-se para Moçambique.
Lúcia Rijo e Mariano Guerreiro, pais do Primo Manuel |
João José e Maria dos Santos, o irmão mais velho e a irmã mais nova |
Plácinha e Manuel casaram por procuração em 29 de junho de 1974, sendo o Tio João o legal representante do noivo.
No dia do casamento |
Plácinha e Manuel, em Moçambique |
Em 1975, a Plácinha e o Primo Manuel regressaram a Matosinhos.
Acalmadas as incertezas derivadas do contexto político e social gerado no pós-Revolução de Abril, Manuel vai trabalhar para o porto de Sines e no final da década entra para os quadros da Unicer, empresa cervejeira do Porto; Plácinha volta a trabalhar como costureira numa empresa ligada ao caravanismo e desporto.
Edifício situado no cruzamento da Avenida Serpa Pinto com a Rua 1º de Dezembro, Matosinhos. No primeiro andar trabalhou a Prima Plácinha |
Um sorriso no trabalho |
Nos últimos anos do seu percurso laboral, trabalhou como empregada doméstica de uma família do Porto.
O casal nos anos 90 |
Mas a reforma e os muitos anos de vida não lhe apagaram o gosto pelos desafios. E assim aprendeu os meandros da utilização dos computadores nas aulas de Informática para Séniores e Inglês para Séniores, patrocinadas pela Junta de Freguesia de Matosinhos e frequentadas na Escola Profissional Ruiz Costa, naquela cidade.
Numa reportagem televisiva sobre os cursos de Informática para Séniores |
O primeiro Certificado em Inglês |
Mulher desembaraçada e de convívio fácil, a Prima Plácinha foi sempre uma pessoa muito divertida e generosa. Na sua juventude era exímia bailarina e, característica genética, possuía uma voz límpida e intensa que emprestava emoção aos fados que gostava de cantar.
Na 1ª pessoa, a Prima Plácinha conta as suas
MEMÓRIAS VIVAS
Nasci num meio
pobre e desfavorecido, mas a minha meninice foi pontuada de situações
caricatas, lembradas na família com risos e exclamações de “ah! Bons tempos!”. Aqui vos conto duas das mais hilariantes:
Antigamente,
a maior parte dos achaques de infância eram tratados com mézinhas e benzeduras.
Ora eu nasci enfezadita e já ia nos dezoito meses e nada de andar e muito menos
falar. Então a minha mãe resolveu "desengatinhar-me". Este procedimento ocorria em
uma encruzilhada com duas testemunhas, um "Manel" e uma "Maria", que passavam a criança de um para o outro, enquanto se
recitava uma lengalenga.
Ficou aprazada a sessão no cruzamento onde hoje está a passagem desnivelada do caminho de ferro. Na altura, era tudo campo, tendo somente o Jardim João Serra e o Vítor Ferrador na entrada da avenida. O "Manel" era o Tio Manel, irmão do meu pai, e a "Maria" era uma amiga da minha mãe, a Maria Isaura (da família dos Calafates). A meio da sessão, o cão do Vítor Ferrador, pressentindo aquela azáfama humana, desatou a ladrar com intensidade de quem está preso e não pode ir espreitar o assunto… e no meio da debandada geral o Manel e a Maria largaram a criança por terra. Quando tudo acalmou, e já em casa, o avô perguntou pela moça pequena. Ai Jesus! Que ninguém mais se lembrara da "engatadinha" E lá vieram buscar-me à encruzilhada. Conta a família que eu estava no chão, deitada de bruços, embolada em terra como peixe enfarinhado.
Ficou aprazada a sessão no cruzamento onde hoje está a passagem desnivelada do caminho de ferro. Na altura, era tudo campo, tendo somente o Jardim João Serra e o Vítor Ferrador na entrada da avenida. O "Manel" era o Tio Manel, irmão do meu pai, e a "Maria" era uma amiga da minha mãe, a Maria Isaura (da família dos Calafates). A meio da sessão, o cão do Vítor Ferrador, pressentindo aquela azáfama humana, desatou a ladrar com intensidade de quem está preso e não pode ir espreitar o assunto… e no meio da debandada geral o Manel e a Maria largaram a criança por terra. Quando tudo acalmou, e já em casa, o avô perguntou pela moça pequena. Ai Jesus! Que ninguém mais se lembrara da "engatadinha" E lá vieram buscar-me à encruzilhada. Conta a família que eu estava no chão, deitada de bruços, embolada em terra como peixe enfarinhado.
Aí
por volta dos meus dois anos, numa manhã cheia de sol, a minha mãe completou a minha
indumentária com um lindo laço branco na cabeça e colocou-me à porta da Avó Cebola. Era aí o meu local privilegiado para observar todo o movimento do Largo
da Feira. Como não andava, não havia o perigo de me ausentar inopinadamente da
soleira da porta. Dentro de casa, a Avó Cebola fazia o seu governo quando ouviu
bradar por ela aflitivamente. Veio à porta e o Ti João Maricas em altos gritos
clamava “Ti Cebola! O "pórque" leva a Plácinha na boca!” Alarmados, avó e o dito
vizinho desataram a correr em direção às “cabanitas”, para onde se dirigia
também uma vara de porcos. Com grande aflição lá me descobriram mais à frente, abocanhada
por um suíno, gordo e rosado. Escapei apenas com um ferimento ligeiro no pescoço.
Mas, ao que parece, gostei desta modalidade de passeio pois contra o meu péssimo hábito de gritar por tudo e por nada, nem um piu saiu da minha boca durante a viagem!
Mas, ao que parece, gostei desta modalidade de passeio pois contra o meu péssimo hábito de gritar por tudo e por nada, nem um piu saiu da minha boca durante a viagem!
Hoje, dia 5 de outubro, na passagem do seu 71º aniversário, a Prima dos Primos vem desejar-lhe muita saúde e longa vida!
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