CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO TIO JOÃO BÚZIO

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Pandemia Covid19

Para memória futura, fica aqui registado o novo contexto da nossa vida diária, resultante  da pandemia que atingiu todo o Mundo provocada pela disseminação do CoronaVirus.
As parcas notícias que nos chegavam da China no início deste ano de 2020 não deixavam antever nem prever que algo de formidável nos atingiria e mudaria as nossas rotinas e as nossa vidas diárias. 
Família, profissão, conhecimento, divertimento, interesse pessoal ou coletivo, tudo foi radicalmente alterado para podermos preservar esse tudo.
De repente deixámos de ter guerras e refugiados e problemas ambientais na ordem do dia e nas notícias. De repente ficámos protagonistas de uma guerra silenciosa, tornámo-nos refugiados nas nossas casa e , ironia, o ambiente do planeta ficou mais limpo.
Foi um começo atribulado para este ano bissexto. O fim ainda não sabemos... mas acreditamos que 


Vai Ficar Tudo Bem' | TVI lança vídeo emotivo 
 
 
As novas rotinas, os novos hábitos, os novos comportamentos (entre 14 de Março e 15 de Abril de 2020)
 
  • O preço da gasolina foi de 1,10 €.
  • Escolas fechadas- começam as aulas em casa.
  • Exames cancelados.
  • As medidas de distância são obrigatórias e até funcionam.
  • Fitas adesivas nos pisos dos supermercados e outras instalações para manter a distância entre os clientes (2 m).
  • Número limitado de pessoas dentro das lojas, bem como à porta da loja.
  • Lojas e negócios desnecessários fechados.
  • McDonalds e Co. Fechado! (nos restaurantes só takeway possível)
  • Parques e trilhos fechados.
  • Cidades inteiras fechadas devido a cercas sanitárias (Ovar)
  • Temporadas desportivas canceladas.
  • Concertos, passeios, festivais, eventos - cancelados.
  • Casamentos, festas de família e de ano - cancelado.
  • Funerais - apenas 10 pessoas.
  • Não são permitidos abraços nem apertos de mão.
  • As igrejas estão fechadas ao culto.
  • Proibidos ajuntamentos de 50 ou mais, depois 20 ou mais, agora 2 ou mais.
  • Sem contato direto com alguém fora da sua casa.
  • Parques infantis fechados.
  • Estádios e outras instalações de lazer estão fechadas, e transformam-se em instalações hospitalares para a assistência de pacientes com Covid 19 que não têm mais lugar nas clínicas ou hospitais.
  • O governo fecha as fronteiras para todas as viagens desnecessárias. 
  • Pânico nos supermercados e esgota-se o papel higiénico , o álcool, desinfetante de mãos. 
  • Dificilmente alguém anda pelas ruas. 
  •  As multas são multas por violação de regras.
  • Pessoas usam máscaras e luvas como só se costumava ver na China e Japão. 
  • O pessoal médico não vai para casa entre turnos para evitar contaminações.
  • Faltam máscaras, batas e luvas para os nossos heróis na frente.
  • Falta de ventiladores para doentes graves.
  • Destilarias, empresas textêis e universidades  mudam as suas linhas de produção para ajudar a fabricar viseiras de proteção, máscaras, desinfetantes de mão e batas.
  • Declarados 2 Estados de Emergência pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
  • Comunicados diários do governo e da DGS. Atualizações diárias sobre novos casos, recuperações e mortes.
 

A Pneumónica - Pandemia de 1918




 
A Gripe Espanhola, considerada a mãe de todas as gripes, foi a primeira pandemia do século XX, ceifando mais de 20 milhões de vidas em todo o mundo. 
Em Portugal, onde chegou em 1918, foi chamada de "pneumónica" e atingiu o país em duas vagas: a 1ª entre Maio e Junho e a 2ª, muito agressiva, entre Agosto e Novembro. 
No Algarve foram os concelhos de Silves, Portimão, Lagoa e Faro os mais atingidos. O saldo total de mortos em toda a província algarvia foi de 3379. Olhão registou 13 mortes, sendo que o primeiro caso fatal aconteceu no nº 69 da Rua Formosa, a 9 de Outubro. 






quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Olhão Há 100 Anos

Em 1920, o Avô Xico e a Avó Cebola já namoravam. É certo que em Lisboa, o Bisa Francisco e a Bisa Joanna Baptista preparavam o casamento entre a Tia Amélia e o Tio João da Marta mas sabiam que o próximo enlace seria entre os nossos avós. 
Nessa época, Olhão fervilhava de vida e dinamismo económico. Espreitemos, pois, pela porta da História e vejamos como era a nossa Rua das Lojas nos anos 20 do século passado.

Rua do Rosário, no início do século XX

A Rua do Comércio já se chamou Rua do Rosário, mas os olhanenses sempre se lhe referiram como Rua das Lojas.
Nasceu com um traçado estreito que ligava os bairros ribeirinhos ao largo da Igreja Matriz e foi, desde sempre, um eixo urbano da maior importância não só por acolher a maior parte da vida comercial como também por alojar as instituições públicas que foram sendo criadas na vila. Testemunha da sua importância é o facto de ter sido a primeira rua a ser calcetada em 1838.
 
No início do século XX, o dinamismo da Vila de Olhão reflectia-se na Rua das Lojas: escritórios de advogados, médicos e de empresas conviviam com estabelecimentos comerciais variados que incluíam alfaiates, ourivesarias, camisarias, drogarias e ferragens, sapatarias, cafés e outros. A rua era, toda ela, "um mostruário de Olhão, da sua maneira de viver e sentir".
 
 
 
O movimento era intenso, as carroças que transportavam o peixe do cais, para fábricas espalhadas pela vila, faziam por ali o seu caminho de ida e volta [...]
Por outro lado, muitas pessoas montadas nos seus burricos, vinham ali fazer compras, e os animais ficavam à porta, enquanto os donos se aviavam nas lojas.
Em todo este bulício, uma nota constante. Era o matraquear dos socos e dos cloques [...].
Lá estava o Balance, a vender cereais, as favas e as ervilhocas, e do outro lado quase em frente, uma pitoresca casa onde uma senhora vendia pagelas religiosas, sanguessugas, repolhos, ervas para curar as mais diversas mazelas e no tempo próprio, ali apareciam melões e melancias, expostas à porta. Era a loja da Mariazinha do Albino. 
De lembrar ainda a casa de fazendas do senhor Joaquim da Silva Nardo, que no fundo do estabelecimento, tinha um pipo de vinho, onde reunia os amigos para cavaquearem e beberem uns copos.
Podia-se ver a mercearia do José Ventura, moderna, asseada de luxuosa apresentação, onde as pessoas do campo não ousavam entrar.
Podíamos espreitar a barbearia "Chic", do Justino Abeilardo, conhecido pela alcunha de "Pai do Céu", anunciando no "Correio Olhanense" que a sua casa era a mais higiénica e luxuosa de Olhão e a única que tinha "Cadeiras de Sistema Americano". E já agora, para desespero daqueles que hoje têm que ir ao barbeiro, informamos que este símbolo de modernidade e asseio, cobrava por cada barba oito tostões, lavagem da cabeça dez tostões, e corte de cabelo e barba, dois escudos e cinquenta centavos.
Logo de manhã, viam-se as criadas com o seu cesto na ida ou vinda dos mercados das verduras ou do peixe. O ruído das ferraduras dos burros, misturava-se com o pregão de alguns vendedores, e as vozes das vendedoras de figos e de mel, numa colorida gritaria.
Os comerciantes de roupa feita, à falta de montras, dependuravam à porta e às janelas, as capas, os fatos e as carapuças.
Outros mais ousados, para chamarem a atenção, como fazia a Casa Brasil, ligavam um altifalante ao gramofone, e espantavam o público com esta novidade revolucionária.
Ali apareceu a primeira tabuleta luminosa, e coisa incrível, uma coisa mesmo mágica, um outro apresentou um "placard" luminoso onde se podiam ler as notícias do dia.
Da parte da tarde este rumor, esmorecia um pouco. Era a hora de as senhoras saírem à rua para passear e ver o que havia de novo nos estabelecimentos das modas. Entrava-se nos Armazéns do Chiado ou na Casa Africana para ver as últimas novidades ou os novos tecidos, ou ía-se à Sapataria Elite[...].
Espreitava-se o Atelier Moderno, onde por um preço módico, se podia transformar ou tingir os chapéus, ou comprar o último modelo, cópia fiel de aquilo que se estava a usar em Paris.
O tempo fez calar o barulho dos socos e das chalocas.
Citação retirada de:
"Olhão e Abílio Gouveia", João Villares