CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO TIO JOÃO BÚZIO

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Os Avós e o Prémio

Por diversas vezes, quando a ocasião propiciava ao relato das expressivas histórias que o meu Pai lembrava, vinha sempre à baila o prémio que os nossos Avós tinham recebido das senhoras da Igreja por serem uma família numerosa. 
Pormenorizava a minha Mãe que quando a Avó Cebola foi avisada que iria receber o tal prémio, acudiu-se-lhe uma espécie de vergonha e quase que recusou recebê-lo. 
Depois de muito instada, a Avó Cebola lá acedeu em ir com a minha Mãe receber aquela distinção, cujo valor pecuniário era de 1.000$00 (cerca de 400 €, mais coisa menos coisa, a preços de hoje). O destino desse dinheiro de  valor para a época, nunca o soube. 

Hoje mesmo, numa das minhas pesquisas no Arquivo Municipal de Olhão, dei de caras com o relato jornalístico desse acontecimento, no "Correio Olhanense" de 6 Dezembro de 1949!



O prémio não provinha da Igreja mas  da Obra das Mães para a Educação Nacional, organização criada em 1936, na vigência do Estado Novo de Salazar,  e que tinha por objetivo estimular a acção educativa da família e assegurar a cooperação entre esta e a escola, através da reeducação das mães, da assistência materno-infantil,  das  semanas  da  mãe  e  dos  prémios  às  famílias numerosas.

Estes prémios eram  distribuídos  anualmente,  em  Dezembro,  nas  semanas  da  mãe. Concedidos  ao  meio  rural ou afastado dos centros urbanos,  precisamente aquela  faixa da população que  não  tinha  acesso  ao  abono  de  família ou outras formas de assistência social e familiar,  os  prémios  constituíram,assim,  um  substituto  das  inexistentes  medidas  de  apoio social do Estado e  não  representaram  mais  do  que  um  escassíssimo  paliativo  para  as  dificuldades  das famílias, dado que só um número muito reduzido de famílias eram contempladas, como se pode ver no quadro abaixo.


Esta é mais uma curiosidade a juntar a outras tantas na nossa família.

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