CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO TIO JOÃO BÚZIO

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O Tio António

Hoje vamos recordar o Ti Tóine.

Nascido em 30 de abril de 1935, António Francisco Viegas, foi o segundo com o mesmo nome e o oitavo filho da numerosa prole dos nossos Avós.
Este nosso Tio tinha algumas particularidades, a começar logo pelo seu registo de batismo: partilhou o mesmo ano de nascimento com o Tio Márim (4 anos mais novo), merecendo do então pároco de Olhão, Reverendo Padre Delgado a observação -"Olha que para gémeo de um ano e picos, estás muito desenvolvido!". Curiosamente, era com o irmão João que tinha evidentes semelhanças físicas. De facto, eram tão parecidos que, na estação de combóio aquando da partida de umas férias distantes, a Prima Palmirinha, ao colo da mãe, chorou baba e ranho pelo tio João confundindo-o com o pai.
Em moço, o Avô Xico chamava-o de Diogo Alves (como aliás, todos os filhos tinham interessantes alcunhas, como já referi anteriormente). Não era a sinistralidade deste personagem (temível bandido de Lisboa do século XIX) que estava na origem da alcunha, mas a cabeça. Explica-se em meia dúzia de palavras: Diogo Alves foi, como disse, uma terrível personagem de Lisboa Antiga que fintou as investigações da polícia da época até ser apanhado. Dadas as características únicas da sua tenebrosa actividade, quando morreu a sua cabeça foi estudada e exposta ao público (coisas de outros tempos!). Ora o Tio António sempre teve uma cabeça vistosa e a perspicácia do Avó Xico fez o resto da associação de ideias!
 Nos tempos de Matosinhos, o Ti Tóine, que não sabia ler, era frequentador assiduo da sala do Cinema Constantino Néry. Gostava de cinema e nada lhe escapava nos enredos e na acção, reproduzindo, posteriormente, a trama integral do filme visto.
Era alegre, genuinamente alegre! Com muita saudade lembro alguns natais que passamos com ele, entre canções humorísticas (especialmente esta)e anedotas, as gargalhadas iluminavam sempre essas noites de reunião familiar.
 

Um dia, em Matosinhos, entrou em casa (morávamos todos juntos) e anunciou à minha Mãe, com voz solene: vou-me casar! Passados uns dias conhecemos a Tia Otília, moça muito vistosa, de olhos grandes,  cabelo farto e riso cativante, nascida prós lados da Figueira da Foz. Casaram em 1962, na aldeia de Vila Verde, numa cerimónia cheia de tradições locais entre gentes afáveis e hospitaleiras. 
Dessa união nasceram as Primas Bebiana, Anabela, Palmira e Helga.


Do Tio António ainda guardo a boneca que me ofereceu quando fiz 4 anos.
Partiu no dia 21 de janeiro de 1997.

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