E nos anos 20, o Avô e a Avó começaram esta grande família. Nas décadas de 20, 30 e 40 nasceu a prole: 12 filhos, 9 dos quais chegaram à idade adulta.
Os primeiros 6 nasceram entre viagens Olhão-Lisboa-Olhão. Antevia-se, assim, percursos de vida inquieta. Todos os filhos, na altura própria de cada um, sentiram o desejo de estar, partir e chegar. E essa diáspora alargou-se às gerações posteriores.
Lembremos, então, esses percursos: Matosinhos, Lisboa e Figueira da Foz foram os primeiros destinos de uma migração marítima que os filhos seguiram, nos anos 50 e 60, em busca de melhor vida. Os anos 70 trouxeram outras oportunidades e perspetivas de vida e a Europa abriu-se a uns (Alemanha) e África esperou por outros (Cabo-Verde, Luanda, Porto Alexandre). Todos os filhos orientaram as suas vidas fora de portas, mas todos regressaram às origens.
Os netos, bom, os netos não negaram a força da genética e também eles acolheram a inquietação da partida e da chegada. Os que estavam fora regressaram, os que estavam cá dispersaram-se pelo país (Lisboa, Açores) e por essa Europa (Suiça, Itália, Alemanha), cumprindo uma vez mais a diáspora da família.
Martin Luther King disse um dia “I have a dream” (Tenho um sonho), e eu, também filha da diáspora e regressada à terra onde um dia nasci, também tenho um sonho, ainda que tão distante de se poder cumprir: juntar todos os primos e primas sob o sol da nossa terra e perto da nossa Ria Formosa e celebrarmos, sem quaisquer diferenças, o elo que nos une.
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