CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO TIO JOÃO BÚZIO

sábado, 30 de julho de 2011

Uma Família da Diáspora


E nos anos 20, o Avô e a Avó começaram esta grande família. Nas décadas de 20, 30 e 40 nasceu a prole: 12 filhos, 9 dos quais chegaram à idade adulta.
Os primeiros 6 nasceram entre viagens Olhão-Lisboa-Olhão. Antevia-se, assim, percursos de vida inquieta. Todos os filhos, na altura própria de cada um, sentiram o desejo de estar, partir e chegar. E essa diáspora alargou-se às gerações posteriores.
Lembremos, então, esses percursos: Matosinhos, Lisboa e Figueira da Foz foram os primeiros destinos de uma migração marítima que os filhos seguiram, nos anos 50 e 60, em busca de melhor vida. Os anos 70 trouxeram outras oportunidades e perspetivas de vida e a Europa abriu-se a uns (Alemanha) e África esperou por outros (Cabo-Verde, Luanda, Porto Alexandre). Todos os filhos orientaram as suas vidas fora de portas, mas todos regressaram às origens.
Os netos, bom, os netos não negaram a força da genética e também eles acolheram a inquietação da partida e da chegada. Os que estavam fora regressaram, os que estavam cá dispersaram-se pelo país (Lisboa, Açores) e por essa Europa (Suiça, Itália, Alemanha),  cumprindo uma vez mais a diáspora da família.
Martin  Luther King disse um dia “I have a dream” (Tenho um sonho), e eu, também filha da diáspora e regressada à terra onde um dia nasci, também tenho um sonho, ainda que tão distante de se poder cumprir: juntar todos os primos e primas sob o sol da nossa terra e perto da nossa Ria Formosa e celebrarmos, sem quaisquer diferenças, o elo que nos une.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Portugal nos Anos 10 do séc. XX

A década de 1910 foi difícil para a grande maioria da população.

Os portugueses eram pobres, analfabetos, trabalhavam de sol-a-sol e normalmente passavam fome.
As famílias portuguesas, ricas ou pobres, têm muitos filhos, muitas bocas para alimentar. O que, no caso das mais pobres, significa ter de aceitar e até incentivar o trabalho infantil para ajudar no sustento da casa.
Ardinas
A escola não é uma prioridade: 75 % da população não sabe ler nem escrever.
Nesta década os trabalhadores conseguem conquistar a jornada das 8 horas de trabalho e um dia de descanso, o domingo, embora o patronato não cumpra.
As más condições de vida conduzem à emigração, especialmente para o Brasil.
Nomeio desta labuta ainda há tempo para namorar, cantar, visitar feiras e romarias.
Nasce-se em casa e cerca de 20% das crianças morre no primeiro ano de vida.
A tuberculose é a primeira causa de morte entre os jovens e adultos.
A pequena burguesia é composta por funcionários públicos, juristas, oficiais militares, marinha mercante e proprietários de pequenas casas comerciais ou negócios. Politicamente apoiam a República, acabada de entrar.  Frequentam o teatro, o cinema, a ópera, assistem a concertos, comem e vestem bem.
O futebol começa a ser uma prática desportiva popular. Portugal estreia-se nos Jogos Olímpicos.

Sporting - 1910
O automóvel banaliza-se nas grandes cidades, embora só pertença de muito poucos.
Num ritmo mais lento, Portugal vai acompanhando as revoluções estéticas e sociais: a emancipação feminina e os movimentos sufragistas encabeçam a liberalização dos costumes, as saias sobem, pondo a descoberto o tornozelo das senhoras;  a música e a dança ganham novos ritmos importados do continente americano – jazz, do norte, tango, do sul;  nas artes o modernismo ganha forma através do Cubismo e do Futurismo das obras de Almada Negreiros ou Mário de Sá Carneiro. 
Estala a I Guerra Mundial. Em 1916 é criado o Corpo Expedicionário Português para intervir no conflito. Dos 57000 homens enviados para França, só regressarão 35 mil.

Soldados portugueses nas trincheiras
A 1ª República gera desagrados atrás de desagrados. À instabilidade política junta-se a instabilidade económica e social. A população está descontente com o afastamento compulsivo da Igreja das suas vidas e revolta-se por ter de praticar a sua fé quase às escondidas. Então dá-se o fenómeno religioso de Fátima, que nenhuma repressão governamental  consegue parar.
Depois da I Guerra Mundial, dá-se a rutura social e política entre a pequena burguesia e a classe alta. Começam os tempos ainda mais difíceis em que só os mais abastados conseguem sobreviver. Entra-se definitivamente nos anos 20. São os AnosLoucos.

Portugal no fim do Século XIX



Taberna

Gente rica na praia