Maria Manuela Viegas, conhecida por todos como Necas, nasceu no dia 27 de outubro de 1932, trazendo mais uma esperança à Avó Cebola, que até aí só tivera rapazes e a única menina, a Otelinda da Conceição, morrera ainda bebé.
No mesmo dia em que a Tia Necas completava 26 anos, e eu ainda
nem dois anos tinha, abalei com a minha mãe e a minha irmã para Matosinhos,
onde o meu pai trabalhava e nos aguardava com ansiedade. Por isso foi com
infinita surpresa e reforçada curiosidade que a conheci 13 anos depois. Foi na
primavera de 1965. Alegre e espirituosa, afectiva e brincalhona, já não tinha a
silhueta fina e o ar cinematográfico que eu reconhecia nas fotografias de
família, religiosamente guardadas em álbuns confecionados nas longas noites do
inverno nortenho.
Foi sempre assim, a Tia Necas: faladora,
sociável, risonha, mas também determinada e aguerrida. No entanto, a
característica talvez mais forte dela
era o despojamento: “tirava a camisa” para dar a quem estivesse em aflição,
mesmo que as consequências não lhe fossem favoráveis.
Casou em 23 de Fevereiro de 1957 com o
Tio Manuel Viegas Bonança, já recordado nestas páginas, e acompanhou-o aquando
da sua ida para Angola, primeiro e Cabo Verde, depois.
Desse casamento nasceu o Primo Manelinho
e a Prima Beta.
A Tia Necas faleceu em Olhão no dia 25
de Janeiro de 2007.