CENTENÁRIO DO CASAMENTO DO AVÔ FRANCISCO VIEGAS COM A AVÓ BIBIANA DA CONCEIÇÃO

sábado, 20 de agosto de 2011

Os Filhos e Filhas

A década de 20 trouxe aos nossos Avós 4 filhos:  três rapazes e uma rapariga. O primeiro foi um rapaz, António, cuja fotografia está na página seguinte e que morreu antes de fazer  1 ano, os dois seguintes foram o Tio Xico e o Tio João, depois veio uma menina, a Otelinda da Conceição, falecida também em bebé, e a década fechou com o nascimento do Tio Manel.
Nas primeiras décadas do século XX, a mortalidade infantil era um facto muito presente na sociedade portuguesa, baseada, sobretudo, na falta de meios médicos na província, na pobreza endémica das populações donde derivavam escassas condições de vida. A nossa família não fugiu à regra, e o casal perdeu três filhos.
Na década de 30 chegaram a Tia Necas, o Tio Tóine, a Tia Maria Lucinda e o Tio Márim.
Na década de 40  nasceram  o Tio Russo e o Tio Celestino.
Estes filhos tinham características muito curiosas: uns morenos, de cabelos ondulados escuros, outros de tez branca e louros e o Tio Márim, moreno, lábios grossos e carapinha larga e confirmar a costela africana da Avó Cebola.
Aprenderam a ler e a escrever oficialmente os dois mais novos: andaram na escola e acabaram o ensino primário. A Tia Necas frequentou o ensino ministrado pelo Sindicato das Conservas e portanto já em idade adulta. O Ti Márim ainda frequentou a escola do Padre Delgado na mira das botas com que atraíam os garotos ao ensino, mas assim que as teve nunca mais lá apareceu. O Tio João frequentou o ensino particular em Lisboa, mas quando se mudaram para Olhão, o Avô já não o matriculou; no entanto sabia ler e escrever com muita correcção. Os restantes permaneceram analfabetos. Recordo aqui  um  facto curioso: O Tio Tóine resumia na perfeição todo e qualquer filme estrangeiro que fosse ver, embora não lesse uma palavra das legendas.
Todos estes filhos e filhas tiveram uma relação de excelência com o trabalho, até a Tia Maria Lucinda, “tecnicamente” inapta. O mar e a fábrica foram o reino deste grupo de homens e mulheres de bem.
Após a morte do Avô, ocorrida na Páscoa de 1960, o Tio João chamou a si a tarefa de contribuir para a orientação dos irmãos, no sentido de puderem constituir a sua própria família sem terem a preocupação do sustento da mãe viúva e da irmã incapaz e com uma filha, uma vez que o Tio Xico e a Tia Necas já tinham casado.  
Assim, em 1961/62 a Avó Cebola foi para a nossa casa de  Matosinhos com a Tia Maria Lucinda e a Prima Bibiana.

A Avó, a Tia Maria Lucinda, a Prima Bibiana e eu
Matosinhos
Nessa safra e nas três ou quatro que se seguiram juntaram-se os tios Xico, Manuel, Tóine, Márim e mais tarde o Tio Russo, depois de fazer a tropa na Póvoa do Varzim e o Tio Celestino, antes de ir para a guerra do Ultramar.


Da esquerda: Tio João, Tio Tóine, Tio Celestino, n/r, Tio Márim, Primo João Cebola
Matosinhos, após a morte do Avô
 A Avó Cebola foi a primeira a regressar a Olhão, logo seguida do Tio Xico. O Tio Manel regressou para se casar com a Tia Ermelinda. Em seguida casou o Tio Tóine, na Figueira da Foz, com a Tia Otília. No ano seguinte casou o Tio Márim com a Tia Salvina, a seguir casou o Tio Celestino com a Tia Manuela e por último o Tio Russo com a Tia Elvira.
Desse início da década de 60 tenho muito boas recordações. Aos domingos de manhã ia à missa com a Avó Cebola à Capela de Santo Amaro (as missas ainda eram em Latim) e à tarde comíamos tremoços à janela, a ver quem passava. Durante a semana era a azáfama da chegada de todos a casa depois de mais uma faina na traineira, seguida do almoço na sala, em volta de uma mesa carregada de gente divertida e faladora. Muitas vezes ia com a minha mãe, a Tia Lucília, à rua Heróis de França, a rua da doca pesca e onde ficava o armazém de redes do barco do meu pai, buscar o peixe para o almoço e lá encontrava os tios no café Palhaça, a ouvir os últimos discos da moda que saía em altos berros de uma velha jukebox! Vozes tão distintas como as de Tony de Matos, Fernando Farinha, Elvis Presley ou Marino Marini, debitavam as músicas do momento que todos sabiam de cor à força de as ouvir tantas e tantas vezes.
O Tio Márim e eu
Matosinhos
De sábado para domingo as traineiras não saíam pelo que íamos à noite ao café ver televisão. Lá iam os tios aperaltados, educados e apreciados por toda a gente , sempre prontos a pregar as suas partidas inofensivas mas que provocavam sempre muitas gargalhas. Era a época das séries de TV como “Bonanza” ou “Ivanhoe” ou “Mr. Ed”, seguidas atentamente por grandes e pequenos.
Mas os Tios também tinham as suas saídas sozinhos, os seus passeios, os seus amigos, como mostram as fotos.
Também havia momentos de grande aflição, como na noite em que foi ao fundo a traineira “Zé Maria”, onde o Tio João era o Mestre de Redes. Nessa traineira trabalhava o Tio Manel, que foi notícia de jornal por ter salvo o cãozinho que levavam a bordo. Felizmente não houve vítimas, mas lembro-me que foram horas aflitivas enquanto se esperavam por notícias via rádio.


A Traineira José Maria
 Foram realmente bons esses distantes anos!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ATUALIZAÇÃO DO ARQUIVO FOTOGRÁFICO

Primos e Primas!

A partir de agora, a as fotografias postadas semanalmente (ou quase!) irão para o princípio da respetiva página. Assim, quando abrirem o separador não têm necessidade de correr a página toda. 

Hoje há material NOVO !  VAMOS LÁ ESPREITAR!