CENTENÁRIO DO CASAMENTO DO AVÔ FRANCISCO VIEGAS COM A AVÓ BIBIANA DA CONCEIÇÃO

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Centenário

 No passado mês de Novembro de 2023, ocorreu o centenário do nascimento do meu Pai, Tio João.

Esta foi a homenagem que  minha irmã Plácida e eu fizemos  à sua memória.



domingo, 25 de julho de 2021

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Os Avós - Esta Grande Família

 AS GERAÇÕES

As gerações mais novas, as que já nasceram na era das tecnologias em que tudo é mediático e imediato, merecem que as nossas memórias não se apaguem para se poder cumprir neles o valor que a pertença a uma família tem. 

Podemos imaginar que, se pudessem, agradeceriam as lembranças que aqui construímos com um sorriso semelhante.



Diz um conhecido industrial português, que há pouco celebrou 90 anos de vida, que aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Por isso foi importante relembrar o casamento dos nossos avós. Não foi esquecido e ocupa um lugar na história da nossa família.

O começo de vida em comum dos nossos Avós teve como pano de fundo, o mar. Os seus filhos tiraram do mar o seu sustento e hoje, 100 anos depois, os seus descendentes diversificam  as suas atividades e nelas labutam e crescem como cidadãos e profissionais. Primas e Primos enquadram-se, agora, na Indústria, Comércio, Economia, Gestão, Restauração, Causa Animal, Moda, Desporto Motorizado, Mecânica, Biomedicina, Serviço Administrativo, Transportes, Direito e Educação.


 


 

sexta-feira, 30 de abril de 2021

1921 - O Casamento dos Avós

 O GRANDE DIA

No dia 30 de Abril de 1921, o Avô Xico Búzio e a Avó Cebola casaram civilmente, em casa dos pais adoptivos da Avó, na Avenida da Feira. 


Teor da Certidão de casamento:

Às quinze horas do dia trinta do mês de Abril do anno de mil novecentos e vinte e um, nesta villa de Olhão e casa de residência de Manuel Sebastião, casado, negociante, sita na Avenida da Feira, perante mim Eduardo Ayres Leonardo de Mendonça, official no Registo Civil neste Concelho compareceram: Francisco Viegas, solteiro, marítimo, de vinte e um anos, natural desta villa, domiciliado e residente com seus paes nesta Avenida, filho legítimo de Francisco Viegas Contreiras, marítimo e de Joanna Baptista; e Bebiana da Conceição, solteira, doméstica, de  vinte e um annos , natural desta villa, domiciliada e residente nesta casa, filha de paes incógnitos e declararam perante mim e as testemunhas adeante nomeadas que, de sua livre vontade desejavam celebrar, como por este acto celebram de um casamento definitivo. Tendo previamente procedido em tudo conforme determina a lei, dei em seguida cumprimento a todas as formalidades do artigo 220 do Código de Registo Civil, e nada havendo que a mi me impedice, em nome da Lei da República Portuguesa declarei os contraentes unidos pelo casamento. Foram testemunhas presentes a todo este acto, os quaes declararam querer ser considerados padrinhos: Manuel Viegas, negociante, José Mendes Larguito, industrial, Palmira da Conceição e Maria da Conceição, domésticas, todos casados, residentes nesta villa. E para constar lavrei este registo que depois de ser perante todos lido e conferido com o seu conteúdo, vai ser assignado por mim, pela noiva, João Lopes Terramoto, distribuidor dos correios e telegrafo e Maria Custodia, doméstica, solteira, maior, residente nesta mesma villa, visto o noivo e demais testemunhas não saberem escrever. A importância dos emolumentos é de doze escudos e a importância dos sellos que vão colados no extracto é de trez escudos.

(assinaturas)

Bibiana da Conceição

João Lopes Terramoto

Maria Custódia

                               Official do Registo Civil

Eduardo Ayres Leonardo Mendonça

 

 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

1921 - Memórias (IV)

 VESTIR POR DENTRO E POR FORA

O início dos Anos 20 do século passado trouxe profundas alterações na sociedade portuguesa. Os horrores da I Guerra Mundial  provocaram na população  uma vontade crescente de se agarrar à vida e vivê-la da melhor forma possível.

Uma dessas alterações deu-se no modo de vestir feminino

  

A mulher do início do século , espartilhada e de saias compridas, rendeu-se à influência das novidades importadas da Inglaterra ou França pela burguesia endinheirada.

Os espartilhos deram lugar aos primitivos sutiãs e as anáguas ou saiotes foram substituídos por combinações de tecidos finos.


 


 


 

Os vestidos subiram uns bons centímetros na altura e os xailes deram lugar a casacos de fazenda.

 

 


 

Em Olhão, e como já vimos nas montras da Rua das Lojas, as novas modas foram rapidamente adoptadas.

Embora as mulheres mais idosas ou conservadoras preferissem ainda as saias compridas, os xailes e até mesmo o bioco, as raparigas casadoiras cobiçavam os modelos que viam desfilar na Avenida ou nos bailes.


 

Prima Elvira, sobrinha do Avô Xico

A moda masculina também sofreu alterações, especialmente nos cortes dos fatos.

A roupa interior  resumia-se às ceroulas ou cuecas e camisa de dentro.


 




segunda-feira, 19 de abril de 2021

1921 - Memórias (III)

 Ir às Compras


Já vimos que Olhão era uma vila movimentada e colorida. À semelhança de outras localidades, as casas comerciais publicitavam os seus artigos nos jornais diários ou semanais. Em 1921 havia uma publicação que se dedicava unicamente à publicidade. Era o

 


Fechemos os olhos e imaginemos uma saída para ir às compras:


 






segunda-feira, 12 de abril de 2021

1921 - Memórias (II)

 OLHÃO - economia

 

Por volta de 1920, Olhão tinha 11050 habitantes.

A principal atividade económica era a pesca e todas as outras a ela associadas: venda de peixe e preparação nas fábricas de conserva.

A maioria dos armazéns de peixe situava-se na avenida 5 de Outubro. As fábricas de conserva de peixe espalhavam-se pelo Largo da Feira, rua de S. Bartolomeu, 18 de Junho, concentrando-se no extremo norte da Cerca do Júdice, junto à estrada nacional.

Era na Avenida 5 de Outubro, quase em frente da Praça do peixe, que os pais adoptivos da Avó Cebola tinham a sua venda de aviamentos para os pescadores, desde carvão à batata doce cozida. 



O Largo da Alfândega era, por assim dizer, a bolsa comercial da vila. Ali se realizavam os negócios, carregava-se o peixe para as fábricas e armazéns e se juntavam os milhares de caixas de conservas que iam ser colocadas em barcaças que as transportavam para os grande barcos fundeados à entrada da barra. 


 

 


 A pesca era o motor central da vida em Olhão, havendo pouco mais de indústrias e oficinas.

Primeiro eixo do aglomerado urbano primitivo, A Rua do Rosário representava o pulsar da vila. Era a Rua do Comércio, a rua onde se fixava o mundo comercial, a Rua das Lojas. 

 


 

Logo à entrada da rua estava a posta da diligência para Faro e outras terras. 

Ali estava instalado o tribunal, escritórios de advogados, o notariado, o escritório da Aliança do Sul. 

Era o melhor caminho para as pessoas irem aos mercados ou para aqueles que tinham a sua vida ligada as atividades do mar, o que tornava esta rua a de maior movimento da vila.

Aí se encontravam os mais diversos ramos comerciais desde as camisarias, as chapelarias, os alfaiates, as ourivesarias, os artigos para homens e senhoras, as sapatarias, as drogarias e ferragens, as papelarias.

Nesta rua encontravam-se o campo e a cidade. Tanto se podia comprar o gorro para o pescador, como o vistoso chapéu de plumas.

Ricos e pobres toda a gente por ali passava.

O ruído das ferradura dos burros misturavam-se com o com o pregão de alguns vendedores e as vozes das vendedoras de figos  e mel numa colorida gritaria.

Por cima deste vozear erguia-se o ruído das carroças ou a correria de uma charrete transportando algum conserveiro a caminho da lota ou da fábrica.

Caleche com rodado de ferro, circulando na Rua das Lojas, 1920

 Tudo isto era abafado por vezes pelo estridor das sirenes das fábricas, avisando as operárias que tinha chegado peixe e estava na hora de começar o trabalho. 

 

Citação: João Villares in Olhão e Abílio Gouveia 

quinta-feira, 8 de abril de 2021

1921 - Memorias (I)

 O CUSTO DE VIDA

Os anos que se seguiram ao final da 1ª Guerra Mundial foram muito difíceis para o povo português.

A falta de bens de primeira necessidade e os baixos salários atiraram o povo para uma vida de miséria. 

A alimentação era pobre pois o pão era caro, e outros produtos detinham preços elevados devido aos impostos e taxas alfandegárias.  

Para se entender este contexto repare-se que um litro de leite correspondia a 18% do salário de um operário e uma dúzia de ovos era o equivalente a 60%. O salário médio, diário, dos trabalhadores qualificados ou do serviço público rondava os 8$50.

Os trabalhadores da indústria conserveira e pescas ganhavam entre 3$00 /3$43 e as mulheres 1$80/2$50.

Por todo o país surgiram greves e manifestações contra a carestia de vida e por melhores condições de trabalho.

No Algarve,  as populações chegaram a assaltar depósitos de farinha e outros produtos, originando conflitos graves com as autoridades.

Em 1920/21 eram estes os preços dos bens de primeira necessidade.

BENS

KG

Litro

Pão

1ª- $94    2ª - $80

 

Arroz

1$16

 

Milho (Xarém)

$50

 

Açúcar

2$86

 

Batata

$38

 

Cebola

$33

 

Cabeça de alho

$03

 

Azeite

 

3$50

Tomate

$20

 

Banha

6$25

 

 

BENS

KG

Litro

Leite

 

$60

Ovos

1$25 - dúzia

 

Café

3$13

 

Cevada

$30

 

 

BENS

KG

Litro

Azeitona

$69

 

Alfarroba

$30

 

Ervilha

$36

 

Fava

 

$83

Feijão frade

 

$47

Feijão vermelho

 

$84

Feijão branco

 

$83

Figo seco

$62

 

Figo verde

$10 dúzia

 

Grão de bico

 

$58

Laranja

$55

 

Limão

$44

 

Maçã

$48

 

Uva

$36

 

Vagem

$54

 

 

BENS

Litro

Aguardente

1$50

Vinho branco

$64

Vinho tinto

$55

 

BENS

KG

Carne porco

4$00

Carne vaca

2$41

Chouriço

5$85

Morcela

5$33

 

BENS

KG

Bacalhau

2$72/3$39

Peixe (sardinha, carapau)

1$91

 

BENS

KG

Sabão amarelo

1$21

Sabão para roupa

1$88

 

BENS

KG

Litro

Carvão

$20

 

Petróleo

 

1$10

 Fontes: Anuário Estatístico, 1921